terça-feira, 30 de novembro de 2010

K

queda XIII

Do meu punho não escorrem palavras,
secou-se-me o pranto,
a vingança que se esbate na noite.
Busco o texto,
a afirmação;
apenas letras de jornais,
efémeras,
embrulham-me os gestos secos,
glaciais.
Caminho numa busca insana,
em trejeitos disformes,
sei que a minha sombra já nem me acossa.
Procuro o destilado impuro,
longe, muito longe,
de um qualquer ponto de ebulição,
a ciência das letras desvaneceu-se
num suspiro ázimo.
Não há qualquer demanda,
nem o sorriso da cínica esperança,
nem uma palmada nas costas,
amontoado de uma vaidade balofa.

Os meus passos seguem os caminhos da chuva,
de ventos que, na esperança da descoberta,
me agarrem e me deixem
no universo, no limbo
da orgástica frase...
(fonte da imagem:

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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

K

queda IX

Estão gastos, os sons;
formam-se placas tacteantes 
entre os meus dedos escorrendo amanhãs.
Não regressarei,
meu tempo vagueou entre geometrias desamparadas;
miro o ventre oco de um sorriso:
será o último passageiro a regressar,
até as minhas mãos hão-de mostrar-se lassas
ante os meneios hirtos de Pandora.

(fonte da imagem:
www.sou-varne.com;
Salvador Dali: "A mão (remorso)"

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

K

perdas

Nos umbrais da dúbia floresta,
saltitando pelas pinhas
que as fogueiras esqueceram;
subtilmente,
escorriam as urzes
submergindo as minhas penas,
os meus degredos,
os meus olhos
tão cegos de tanto ver!
Perdi as vistas
pela luz roxa,
entre os ramos:
vaidosamente,
digo,
num carisma atónito...


(fonte da imagem:
http://3ricko.wordpress.com)

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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

K

*{abaladas}

Hoje vou chegar,
assim, sem mais nada.
Trago três risos,
dois abraços,
uma voz de espanto.
Ponho os pés na areia,
aterro na seda do parapeito,
páro o peito à porta,
meu coração não tine.
O caos é o mesmo,
e visto-me dele;
talvez traga comigo,
dois, três pós
de malva ou casta malvasia...
e o meu sorriso
pesque duas, três ébrias*...

(imagem retirada da net)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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