Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
terça-feira, 22 de maio de 2018
K
Caminhos do vento
Aos cinquenta e quatro anos, uma vida que me falta nuns sobressaltos, uns bolinhos para o chá, mas que me resta mais duma Angola à Contracosta que não calcorreei, de jeito impante e vencedor? Que nova Teoria do Campo Unificado me tornou célebre e palavroso? Apenas deixei-me viver, aqui e ali uns trejeitos e nada mais. Agora, o horizonte mostra-se como é, e sinto que agora, é sempre a descer, quem me espera, já não me esperará muito mais, e afinal a vida terá sido isto, apenas: uns trejeitos, uns sobressaltos, e só alguns da televisão nos quererão convencer das suas Angolas à Contracosta ou da sua Teoria do Campo Unificado,
EIS TUDO!
(fonte da imagem: https://cinemacao.com/2017/04/19/critica-vida-life-2017/)
Caminhas, devoto sedutor, atrás do táxi que se prende pela antena e pela tecnologia. Ganham aço os teus sapatos, nas reviravoltas das ruas; não há silêncio que te embale, nem jugo que te seja leve. Agora, 2018 é o ano do mais do que supersónico, do mais do que arranha-céus. Todo!!
Agora, até pode ser o tempo dos frutos, das árvores viçosas, do regresso em jeito de bênção do Senhor. Assim, de túnicas, de sandálias, caminhando compassadamente, as mãos levantadas, lentas, um sorriso dirigido ao Altíssimo. E tudo isto, se mencionou apenas porque foram referidos o tempo dos frutos, das árvores viçosas, Como faremos conexões destas, tão próximos de Deus, tão próximos dos homens? (fonte da imagem: http://www.wehopeagain.com/?p=560)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)