sexta-feira, 23 de junho de 2006

K

Divina fartação

Estou farto de quererem mandar em mim, na minha carreira.
Estou farto de ser desconsiderado por um Governo que se diz legitimado pelo Povo.
Estou farto de políticos. Governar a "Polis" não é o mesmo que mandar na criada lá de casa, como se fazia há 40 anos.
Estou farto de a minha profissão ser cada vez mais desprezada socialmente.
Estou farto de ser desvalorizado: ninguém se lembra que estamos a formar gerações. Nem Sua Excelência a Senhora Ministra, nem Sua Eminência o Senhor Primeiro-Ministro devem ter andado na escola; nada devem aos seus professores com certeza; certamente nasceram ensinados (e muito mal, pelo que se tem visto...).
Estou farto de ver a autoridade da Escola descrescer; nem sequer os Sindicatos estão muito preocupados com isso, quanto mais o ME...
Estou farto de notícias que revelam a brutalidade com que são tratados colegas meus.
Estou farto de os pais só se lembrarem do aproveitamento dos filhos na última semana de aulas do 3º período.
Estou farto da frase:"Se o aluno passa é muito inteligente; se reprova, o professor não sabe ensinar".Se os alunos que nos entram pelas salas adentro são o reflexo do que vai lá fora, prefiro não saber do mundo, dar o meu melhor, passar de esguelha pelo planeta e cultivar o meu jardim secreto.
E não me chamem misógino, por favor...
K

A separação da Igreja do Estado

K

Cruzes canhoto!!...

«A religiosidade nas escolas»

O EXPRESSO de 3-12-05, a propósito da persistência de crucifixos em salas de aula de escolas públicas, refere declarações do gabinete da ministra Lurdes Rodrigues e de um responsável sindical, afirmando que essas situações se verificam exclusivamente na região Norte de Portugal e que não ultrapassam a vintena - o título da notícia é mesmo: «Só 20 escolas têm crucifixos».
Ambas as informações são factualmente incorrectas e uma simples consulta ao repertório produzido pela Associação República e Laicidade permitiria verificar que existem escolas com símbolos religiosos permanentes distribuídas pela região Norte, pela região Centro, pela região de Lisboa e pela do Alentejo e, sobretudo, permitiria perceber que essas situações foram citadas a título meramente exemplificativo, sendo muitas outras aí deliberadamente omitidas para proteger a privacidade das pessoas que fizeram chegar a informação à associação.
Acrescente-se que a Associação República e Laicidade considera a medida entretanto tomada pelo Ministério da Educação - mandar retirar crucifixos de salas de aula a pedido explícito de encarregados de educação - claramente insuficiente: está constitucionalmente garantido aos cidadãos portugueses o direito de não serem, por forma alguma, postos na situação de terem que revelar convicções (positivas ou negativas) que mantenham, designadamente em matéria religiosa, e o exercício desse direito, que não se compadece com a postura agora adoptada pelo Governo, requer a retirada de todos os símbolos religiosos das salas de aula, garantindo assim, a par da não confessionalidade da escola pública, a separação entre o Estado e as igrejas e a igualdade entre todos os cidadãos independentemente das suas convicções em matéria de religião.

Ricardo Alves (Secretário da Direcção)
Carta enviada ao «Expresso» e publicada no dia 10/12/2005, com o título aqui reproduzido.

Penso que esta "questão do crucifixo" é estranha. Retirar crucifixos de salas de aulas onde já estavam, faz lembrar proselitismos radicalistas. A liberdade religiosa é um garante constitucional de qualquer cidadão. Aí estamos de acordo. Se são construídas novas escolas, não há razão para colocar crucifixos nas salas; o Estado é laico, as escolas, públicas.
Retirar crucifixos de salas onde já estavam, peço desculpa à Associação República e Laicidade, traz-me sempre à memória o que se passou com alguns jornalistas portugueses em visita à Albânia nos idos do pós 25 de Abril. Levavam consigo o seu inocente "Diário de Notícias". À chegada ao aeroporto de Tirana, foram-lhes imediatamente confiscados os jornais. Razão? Na secção dos obituários eram representadas cruzes (relativas aos falecidos); ora, como toda a gente sabe, a cruz é um símbolo religioso, "ergo" não podia ser mostrada num local tão laico como a Albânia de então...
Peço, uma vez mais, que me desculpem. Esta "questão dos crucifixos" recorda-me a "simbologia da cruz" na Albânia nos idos de 75. É uma comparação exagerada, bem o sei. Mas será tão necessário ir à pressa retirar os crucifixos em nome da Constituição? Um simples crucifixo irá ferir assim tanto a intimidade religiosa/ateia/agnóstica de um professor/aluno/funcionário?
Não terão estado as cruzes e os crucifixos tão ligados à nossa História? O que encimava os padrões que os nossos navegantes iam erguendo por esse mundo fora? Que símbolo se encontrava em qualquer praça de qualquer localidade onde estivesse um pelourinho?
Não haverá assuntos mais importantes a tratar nas escolas do que esta "caça ao crucifixo"?
Sei que se trata de um assunto melindroso; sei, também, que o nosso povo é anti-clerical, mas profundamente religioso.
Sei do que falo. Não sou católico romano; apenas cristão. O crucifixo, para mim, não tem qualquer sentido: Jesus já está ressuscitado e vencedor sobre a morte; não está, pois, já pregado numa cruz. Mas isto são os meus ideais cristãos que, espero, não firam um qualquer concidadão na sua liberdade religiosa.
Já agora, e "a talho de foice", aproveito para exprimir a minha perplexidade pelo facto de os bispos católicos já não serem convidados para actos públicos. Provavelmente para manter o ideário da desvinculação absoluta entre os representantes da Igreja de Roma e o Estado Português.
Na minha modesta opinião, um Estado verdadeiramente democrático deveria convidar os representantes de todas as convicções religiosas para qualquer acto público. A vida em democracia, se passa pelo direito à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da República, também passa pela igualdade de tratamento de todas as religiões. E seria bonito ver um bispo católico lado a lado com um pastor evangélico, um padre ortodoxo, um monge budista e por aí fora. Uma cerimónia de carácter público ganharia assim um ar de democraticidade e de igualdade que, provavelmente, seria um exemplo para a os restantes países da União.
Mas, em tudo isto, talvez esteja a sonhar um pouco alto demais...

quinta-feira, 22 de junho de 2006

K

Pétrea manhã

Talvez ficasse esperando,
sentado numa pedra,
ao fresco sol da manhã.
Brisando o ar,
minh'alma expectante,
meu sorriso guardado.
Talvez lembrasse,
tempos.
Tempos de risos,
risos garotos,
sem mal,
apenas risos.
Sopra o vento,
sentado,o horizonte chama-me,
deliciado, talvez.
Entre as frestas,
vejo uma cálida memória,
quase anciã,
uma memória tão vaga,
como as vagas de um lago,
estacado no tempo.
Dói-me a pedra sob mim.
Há uma rocha
sobre a minha fronte,
gelada,pétrea.
Afila-se o olhar...nada vê,
tudo imóvel,
naquela manhã,
tão queda,
tão lerda,
suave,
bêbeda de si.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

K

Pele

K

Corpo

Brisa-se um sol.
Longa madrugada,
espreguiça-se
suave pela areia,
morna de ti.
O teu corpo estende-se,
espraia-se por mim todo,
sinto-te em mágoas,
em cheiros,
em tudo o que é teu.
Meu é o céu
que nos aguarda.
Teu olhar,
que me despe
impiedoso.
Tua pele que me rodeia,
teu ar,
sons,
nós...

terça-feira, 20 de junho de 2006

K

Gargalhar!!!

Risos...

Hoje ri-me. Muito. Há colegas meus com quem sempre me rio; e bastante. O Pedro (que ainda me hoje perguntou por novidades no soprodivino), a Sandra, a Susaninha…
É bom rir, soltar aquelas piadas que, sem contexto para os de fora, são indecifráveis (até bem idiotas…). Lutar contra a malfadada “crise” passa também por nos rirmos de nós próprios e dos outros, sem muita malícia ou maldade.
Alguém me disse, há muito tempo (12 anos?) que, como os adultos não podem brincar à apanhada ou escondidas como as crianças, jogam com as palavras. E é giro. Muito.
As palavras “puxam” umas pelas outras, solta-se a timidez, as gargalhadas surgem naturalmente. O riso é um excelente remédio. Enquanto rio, esqueço-me dos problemas, das maçadas, das rotinas corrosivas que minam o meu quotidiano.
Sou professor. De rotinas nem me posso queixar muito. Acabo de dar uma aula a uma turma. Entre 10 e 25 minutos mais tarde, regresso à mesma sala para “dar” a mesma matéria. Só que o “público” é outro, a abordagem diferente. As carinhas com que tinha de me preocupar mais são outras, o modo de traduzir as mesmas ideias diverge também. Alegro-me e zango-me com eles de modos diversos. Talvez nem um actor se possa dar ao mesmo luxo. Afinal são as mesmas deixas, é o mesmo texto.
É também destas vivências que se faz o nosso riso. É errado pensar que os professores se riem das lacunas, dos erros, da ignorância dos alunos. Rimos, isso sim, da expressão desses factores. Não é o facto de um aluno não saber aquilo que já foi explicado, está no livro e foi escrito no caderno. É o modo como são feitas as perguntas, como “eles” exprimem a sua ignorância. Assim, o nosso riso não é uma troça, uma zombaria, uma inferiorização dos miúdos. É símbolo, às vezes, de uma tristeza por vermos que “a mensagem não passou”. Rimos perante a nossa impotência, por não podermos ir mais longe.
No fundo, as gargalhadas que soltamos são o “canto de cisne” pela ignorância que não conseguimos já debelar.
Parece um contra-senso. Rimo-nos (também) da forma de expressão de algo que nos toca todos os dias. Por outro lado, o nosso rir é a catarse dos nossos problemas quotidianos.
Em que ficamos? Rimo-nos de nós, acima de tudo.


Será pecado?

quinta-feira, 8 de junho de 2006

K

Tudo pela Nação...

Talvez haja alguém que acredite.
Talvez…
Estar com grupos de rapazes e raparigas e “passar-lhes” algo a que eufemisticamente chamam “competências”.
Estarão eles e elas interessados em conhecer melhor a sua Língua, o passado que nos dita o futuro, outras línguas/culturas, a Terra e os seres que nela habitam, as propriedades dos materiais com que lidam diariamente, em trabalhar com esses materiais…?
Que farão eles e elas com essa “bagagem”? Continuarão os seus estudos até estarem habilitados a trabalhar para e com o país? Quererão dar por terminados os seus estudos e aprender um ofício?
Um país precisa de nós. Todos!! “ Não pergunteis o que o vosso País pode fazer por vós! Perguntai, sim, o que podeis fazer pelo vosso País!”. Sábias palavras...
Não precisamos de “patriotinheiros”ou de “politicóides” a pensarem somente em si e a arrogarem-se ao direito de falarem e agirem em nome do “Povo”…
Todos somos úteis? Nem todos seremos dignos de o ser.
Há uma Pátria, um Povo, uma História que nos interpelam diariamente. Qual a nossa resposta? Servir? Não quero saber? Mais comummente “tou-me a…”?
Afinal quem somos? Os eternos expectantes de brumosas novas que nos resolvam uma “crise”? Uma “crise” que já se esgotou no conceito, no significado?
A revolta contra o “outro”a quem tudo é assacado?
Talvez seja tempo de crescer, como os rapazes e raparigas com quem lidamos diariamente.
Talvez…

"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico. Leia, assine e divulgue! Sopro Divino

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