Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sexta-feira, 10 de julho de 2009
K
lá vai mote!
Hai-Kai
Nós temos cinco sentidos: São dois pares e meio d’asas.
- Como quereis o equilíbrio? (David Mourão-Ferreira in Antologia Poética)
São dois pares e meio d’asas que nos levam ao real, fazendo tábua rasa de um loquaz temporal.
Os sentidos leva-os o vento, no seu hábil destino; volta o fugaz sentimento num alegre desatino.
O equilíbrio não se quer, os sentidos não o deixam, não há atino nem volver, nem aqueles que se queixam.
Voltou o fado, o destino magoado, o olhar petrificado, o poente gelado.
(Não. Recuso o teu rir mortiço, as tuas chagas sem alinho, o teu ontem fixado. Matei um calendário, já… os sentidos, os sentimentos, tudo se esfumou num desequilíbrio mordaz. As mãos já se separaram há muito, os pulsos já nada partilham. Estou apontado para muito longe, lá… onde o céu engole os pinhais…)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)