Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quinta-feira, 9 de março de 2017
K
faz tempo
Faz tempo que te não vejo. O anoitecer, a sua luz, traz-me desenhos pueris, manchas vivazes, de ti.
Pediste-me que te esperasse, que atentasse no Sol, na Lua, e os teus sinais viriam Acocoro-me sobre um montinho de areia, e miro o mar e os montes que nele mergulham. Só imagens fugazes transportadas pelo tempo, reversas na sua descontinuidade. Paira uma manta de esquecimento, um lençol de valquírias chorosas; já não há reino etéreo onde guardar a tua memória. Assim me sustento, nas cores de uma paleta, nas tintas que se extinguem apontando para longe no tempo. (fonte da imagem: http://www.heathenhof.com/what-is-valhalla-and-who-goes-there/)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)