Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quarta-feira, 12 de maio de 2010
K
mecânica quântica
Há, em certas coisas que me assaltam, uma intriga de átomos na procura quântica da sua órbita que nem eu próprio sei esclarecer.(1)
Giro então, na órbita esguia, no rodopio pulsante, em redor de mim, num jacto cambaleante. Atracção magnética, giroscópio maduro, por que vibras, serpenteias, nos teus níveis de energia, paso-doble arfante? Agora, em meio tango, deslizas, rastejas, enquanto lá fora, solto-me, em meio riso, ímpeto sereno, vago, num princípio de energia mínima...
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)