Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
domingo, 9 de abril de 2017
K
a negro
Timbrei o meu escrito: os verbos, os sujeitos (tantos esses), os complementos (que, na sua limpidez, na precisão do seu eixo nada apontavam). As palavras - tantas vezes - cansam, enredam-se na boca, na ponta dos dedos; nem mostram a humildade de um poente caindo sobre si, cisne morrendo-se. Entretanto, tenho de escrever, escrever muito, escrever de cor, escrever até a dor derrotar os sentidos. Que ofício este! Ser e não ter, ter e não ser... (...) e as palavras sem dono, sem mestre, vogando, vogando sempre. (fonte da imagem: http://eresaw.deviantart.com/art/The-dying-swan-272293091)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)