quarta-feira, 30 de setembro de 2015

K

verdana























As palavras já não têm álibi,
já não são belas,
já nada designam
a não ser o escuro
da sua ocultação.

Nada as justifica,
nada as perdoa,
nada!
a não ser 
o seu ajuntamento 
a que chamam texto.


As palavras já não se guardam,
já não nomeiam o presente
em textos diários 
de pequeno-almoço.
já não guardam o prazer
indizível da leitura,
no conforto das luzes baixas.

Hoje,
são apenas 
rutilâncias paralelas,
amontoados de letras,
escritos que vendem 
tudo o que quiseres,
sobretudo o silêncio
da parede
cujo imperativo é escutá-lo.

As palavras não têm álibi,
conversam no escuro
da sua ocultação,
trânsito de Vénus,
semi-eclipse de ideias
esbatendo-se
na modorrice dos dias.

("Guarda a tua boca das palavras insensatas.
É nos teus lábios que se encontra a vida e
a morte. Sê sábio, se não puderes elogiar,
cala-te!" Fala de Jesus, dito o Cristo, ao seu 
discípulo amado)

(fonte da imagem:
foto do autor obtida com telemóvel
em Santa Marta-Lisboa, algures
em 2013)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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