Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
domingo, 13 de setembro de 2015
K
Manhã dolorosa
Foi no dia em que o imperador se
curvou perante a morte.
A guarda imperial prostrou-se nas escadarias do palácio. Suavemente, os outros guerreiros ajoelharam depondo as espadas, as lanças, os escudos. Faziam-no ingenuamente: inútil é lutar com a morte: se esta levara o imperial senhor, por que não o faria com eles, os mais fortes de entre os mais fortes de todos? Agora, o império era um campo desguarnecido, território jacente numa aflitiva abertura à Europa. (Publicado em 77 palavras, o blogue de Margarida Fonseca Santos) (Fonte da imagem: https://bibliblogue.files.wordpress.com/2014/04/manfred-von-richthofen-4.jpg)
"Numa aflitiva abertura à Europa". É assim que estão os que morrem a procurar viver ou sobreviver... Esquecem-se os "grandes senhores" que a morte também os atinge. Um belo e subtil poema. Um beijo, Jaime.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
"Numa aflitiva abertura à Europa". É assim que estão os que morrem a procurar viver ou sobreviver... Esquecem-se os "grandes senhores" que a morte também os atinge.
Um belo e subtil poema.
Um beijo, Jaime.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial