quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

K

queda XIX

Estar só, é uma bênção bipartida, uma herança quase maldita nas flores e palavras que lembramos. Por isso esquecemos o tempo, e o espaço quase se nega aos sons que as palavras tentam povoar. Provém pois de agora o arco, a flecha que é a acuidade do cirurgião que rasga as palavras cintilantes. Se houvesse uma solidão exacta, então, na sua solidez,as palavras brotariam como pólen,
espalhando-se no semental
dos campos,
das searas,
dos casais
que no pino do sol,
colheriam o pão,
polvilhado pelas desobediências 
castas de olhos já vítreos.
(inspirado em moriana, numa publicação no seu blogue)
(foto do autor obtida com telemóvel:
entrada de Ferreira do Alentejo)

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2 Comentários:

Blogger Lídia Borges disse...

Há um cheiro a feno, uma réstia de luz neste estar solitário.

Muito bonito!


Um beijo

quinta-feira, 16 fevereiro, 2012  
Blogger Rafeiro Perfumado disse...

Estar só é uma benção ou uma maldição, depende da companhia que estamos a perder. Abraço!

segunda-feira, 20 fevereiro, 2012  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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