quinta-feira, 24 de setembro de 2009

K

mirante

Passei o promontório
do medo,
cruzei os remos,
em jeito de espera;
dois olhos secos
como a dureza d'areia,
fixaram-me
como se o caudal das suas íris
me tornasse ainda mais pagão,
ainda mais gentio.
Suportei as miradas,
e remei,
remei sempre 
em navegação de doce agonia,
como se os meus caminhos
fossem verdugos,
ou
ásperas calçadas.
Depositei o meu olhar
na crueza daquele
tão nobre e frio;
logo,
arquejantes, 
se entranharam:
o meu feito vadio,
o outro vadiando livre...











(imagem retirada da net,
do filme "clockwork orange")

Etiquetas:

4 Comentários:

Blogger Paula Raposo disse...

Um poema vincado. Beijos.

quinta-feira, 24 setembro, 2009  
Blogger Silvana Bronze disse...

Privilegia o ritmo
e rima com as idéias paradas de quem observa.
É notável o vai e vem das palavras...não sei se moras perto do mar aí em Portugal, mas tua gente é de mar, tua herança é de mar e tua poesia compassada como as ondas.
Parabéns Poeta...
aqui vivemos do lado da maior praia do mundo, cercado por águas de todos os lados na cidade portuguesa do Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 24 setembro, 2009  
Blogger Graça Pires disse...

Ser, no promontório, o que vê e o que é visto. O que rema e o que é remo...
Um belo poema, este.
Beijos.

quinta-feira, 24 setembro, 2009  
Blogger maré disse...

pelo olhar navego

adentro o nevoeiro

com a minha nau de sílabas

.

pelo mar, arquejo os meus verdugos

de infinitos gestos redesenho as marés



_______


infinito o caminho das naus

sábado, 03 outubro, 2009  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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