domingo, 19 de julho de 2009

K

descrição

Uma velha lá fora,
ri desbragada,
vinho na mão,
os dentes vazios,
os olhos mortiços.
O seu riso
tão desdentado,
tão louco,
lembra canções de marujos,
entre cordames,
salpicos,
abraços…
Mas a velha está só.
Olho-a pela janela,
um rir demente,
desafio aos homens,
a Deus,
ao mundo todo.

Nos seus andrajos
toda se veste de cor,
num luto mais tolo
do que o pacote de vinho
que segura como um triunfo,
esquecido,
entre caixotes,
arrumadores,
no meio do aparato,
dos faustos,
das régias sobras,
que deslizam,
sob nós;
secretas esperanças
de mágoas em silêncio.




(imagem retirada da net)

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1 Comentários:

Blogger Paula Raposo disse...

Um grito muito forte o das tuas palavras!! Beijinhos.

domingo, 19 julho, 2009  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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