Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quarta-feira, 8 de julho de 2009
K
caminhos
Sobra o caminho, entre dois passos, restou o dia [sóbrio]. Pingavam atalhos entre a folhagem, um verde aspergia os meus passos, o pó jazia liquefeito pelas lágrimas de um deus passeando na madrugada.
(...)
Por onde andaria o meu Alentejo, tresmalhado pelos seus montes, pelos seus trigais?
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
4 Comentários:
Tão lindo o teu poema, Jaime! E eu que tanto gosto do Alentejo. Beijinhos.
Obrigado pelas tuas passagens "com rasto" :)
andar ia
calado
a zumbir
no calor
amarelo,
~
Se o tal deus
andasse por lá no calor do Verão
ou no frio gelado do Inverno...
talvez o Alentejo fosse outro...
Um abraço
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