Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sábado, 11 de julho de 2009
K
mons veneras
Dois corpos, como duas folhas de árvore da ciência, do bem e do mal, fremitam em compassos binários, em pausas de suspiro. Celebra-se um Afecto, profundo, que cava mais longe, mais lá, do que um simples e periódico membro. Sob pulsos arcaicos, ritmos velhos de alvor, dois corpos sobem, num movimento sábio, arrastante, num monte, mais douto do que aquele de Vénus. Até a violência é bem-vinda, acarinhada. {Um nascente orgasmo espreita} Por detrás do dilúvio, jorram as oferendas a uma deusa pagã, reinando no templo, penetrado até ao sacrossanto altar.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
Gostei do titulo e de todo o erotismo que emana das tuas palavras! Já lá vai um tempo, 15 anos!! Beijinhos.
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