quinta-feira, 29 de setembro de 2016

K

fim


Chego ao fim.

Os meus mastros gemem
na proporção 
do enfunar das velas.
A quilha escorregadia,
habitação de infinitas cracas,
e afins,
anseia pelas mãos dos homens.

Conheci tantas águas,
adormeci sob tantas estrelas 
e todo o meu caminho 
foi apenas o regresso 
ao porto de partida.

Sei que os mares

são muito mais do que 7,
e que os oceanos 
muito mais do que 5,
pois tantas vezes 
as vagas eram mais altas
do que a gávea,
paredes escuras, 
pétreas, rijas,
águas-vivas infinitas.

Terei visto tudo.
Já sirvo há muito:
gerações de marinheiros
aprenderam comigo
o ofício;
lutei o bom combate,
guardei a fé,
nada mais espero.

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1 Comentários:

Blogger Graça Pires disse...

Marinheiro de teus sonhos, trazes nos olhos a imensa nostalgia de outro mar...
Um poema excelente, Jaime.
Uma boa semana.
Beijos.

segunda-feira, 03 outubro, 2016  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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