terça-feira, 18 de maio de 2010

K

madrugada

















Então, minhas mãos desertas
despojarão as madrugadas,
os restos solteiros,
as sobras límpidas.
(...)
Pelas janelas frias,
já se terá posto a Lua,
e as nuvens macularão
os vastos,
rotundos pátios,
em que esmorece a esperança,
e também a glória do não-ter-feito.
(...)
À mercê dos ventos,
as minhas mãos,
ainda áridas,
repousarão
nas ombreiras de ontem,
diluídas na suposta
frincha dos meus dedos
obscurecidos.

(imagem fonte: abcgallery.com,
Chagall: "Relógio com asa azul")

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8 Comentários:

Blogger Lídia Borges disse...

Um prazer, esta leitura, tanto mais que é madrugada, janela aberta à lua, vento, mãos...
Nem as sombras poderão tornar-me este poema sombrio.

Obrigada!

quarta-feira, 19 maio, 2010  
Blogger vieira calado disse...

Olá, amigo!

Para lhe dizer que gostei do seu poema.

E que o seu amável comentário no meu blog "não entrou".

Por isso não consegui publicá-lo.

Um abraço.

quinta-feira, 20 maio, 2010  
Blogger Graça Pires disse...

Até amarmos de novo a madrugada...
Um belo poema, amigo Jaime.

quinta-feira, 20 maio, 2010  
Blogger vieira calado disse...

Olhe, amigo!

Deste vez o seu comentário "entrou"!

Um abraço

sexta-feira, 21 maio, 2010  
Blogger pin gente disse...

semeemos nas mãos
grãos que incharão de vida
deixemo-las florir no intervalo dos dedos
soprará um vento esverdeado de esperança
e as flores farão uma vénia à existência

gosto muito do que escreveste.
a tela de chagall é interessantíssima.

um abraço
luísa

sábado, 22 maio, 2010  
Blogger maré disse...

qual será o destino das minhas mãos tocadas de melancolia?
comvém ouvir o coração da noite
e o silêncio entrecortado que a minha voz sagrou
qual ária triste onde me esqueço.


______

a minha ternura marítima num abraço Jaime

sábado, 22 maio, 2010  
Blogger Daniel C.da Silva disse...

Tenho andado a perder-te...

Um grande abraço

segunda-feira, 14 junho, 2010  
Blogger Daniel C.da Silva disse...

Tenho andado a perder-te...

UM grande abraço

segunda-feira, 14 junho, 2010  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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