Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
terça-feira, 18 de maio de 2010
K
madrugada
Então, minhas mãos desertas despojarão as madrugadas, os restos solteiros, as sobras límpidas. (...) Pelas janelas frias, já se terá posto a Lua, e as nuvens macularão os vastos, rotundos pátios, em que esmorece a esperança, e também a glória do não-ter-feito. (...) À mercê dos ventos, as minhas mãos, ainda áridas, repousarão nas ombreiras de ontem, diluídas na suposta frincha dos meus dedos obscurecidos.
(imagem fonte: abcgallery.com, Chagall: "Relógio com asa azul")
semeemos nas mãos grãos que incharão de vida deixemo-las florir no intervalo dos dedos soprará um vento esverdeado de esperança e as flores farão uma vénia à existência
gosto muito do que escreveste. a tela de chagall é interessantíssima.
qual será o destino das minhas mãos tocadas de melancolia? comvém ouvir o coração da noite e o silêncio entrecortado que a minha voz sagrou qual ária triste onde me esqueço.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
8 Comentários:
Um prazer, esta leitura, tanto mais que é madrugada, janela aberta à lua, vento, mãos...
Nem as sombras poderão tornar-me este poema sombrio.
Obrigada!
Olá, amigo!
Para lhe dizer que gostei do seu poema.
E que o seu amável comentário no meu blog "não entrou".
Por isso não consegui publicá-lo.
Um abraço.
Até amarmos de novo a madrugada...
Um belo poema, amigo Jaime.
Olhe, amigo!
Deste vez o seu comentário "entrou"!
Um abraço
semeemos nas mãos
grãos que incharão de vida
deixemo-las florir no intervalo dos dedos
soprará um vento esverdeado de esperança
e as flores farão uma vénia à existência
gosto muito do que escreveste.
a tela de chagall é interessantíssima.
um abraço
luísa
qual será o destino das minhas mãos tocadas de melancolia?
comvém ouvir o coração da noite
e o silêncio entrecortado que a minha voz sagrou
qual ária triste onde me esqueço.
______
a minha ternura marítima num abraço Jaime
Tenho andado a perder-te...
Um grande abraço
Tenho andado a perder-te...
UM grande abraço
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