domingo, 16 de maio de 2010

K

águas latentes

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,

Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
(Antero de Quental, Sonetos)

Encosto os joelhos ao queixo,
as águas acariciam-me.
Pra trás, ao fundo,
entre palmeiras duvidosas,
caminhos toscos,
batem, chocalham,
as canecas da alegria
dum povo que desejo feliz.
Do poder, da posse,
apenas desejo a noite balsâmica,
fulgente,
e nas águas brilhantes,
quero a Lua pra nela brincar,
em jeito de menino,
porque agora, aos meninos,
cegaram-se as vistas;
e na minha ilha,
a oriente de todos os sonhos,
de todos as visões,
está a minha majestade ignorada,
o meu poder apagado,
a inocência diluída.

(também publicado no blogue 
GPS-Global Poets Society em que participo)
(imagem s/r)

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2 Comentários:

Blogger maré disse...

no regresso trago um dulcíssimo beijo. mas o cansaço adia um abraço maior
volto, quando outra noite me tocar as pálpebras

segunda-feira, 17 maio, 2010  
Blogger Cria disse...

Belíssimo, Poeta !

quinta-feira, 20 maio, 2010  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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