Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quarta-feira, 26 de maio de 2010
K
agora
Agora, as minhas mãos mascaram-se de fumo, penetram até às frinchas dos sonhos, rolam por entre os últimos raios de sol, atrevem-se pelas minhas doces memórias, suspiram entre ais de flores bastardas.
Agora, os meus caminhos já não te inquietam, as minhas ilusões calam-se na noite, os meus olhos perdem-se sonâmbulos.
Pois agora a rendição, o pranto, a esquiva, triangulam-se na espera da hora vadia.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
longe
onde as montanhas
adormecem retalhados suspiros de sol
deixei o fulgor doce das flores abertas à luz.
deixei o fulgor entrincheirado
nos ocasos inclinados da palavra.
atenuo os fragmentos do poema.
agora
que as mãos se inquietam
servas de uma agonia bastarda.
___
um beijo Jaime
As mãos: exiladas no sonho, ávidas de ter, sem justificação para a fadiga ou a coragem...
Um beijo.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial