Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
K
encantos
Nos velhos altares pululavam deuses, tão sacros, decadentes, tão decrépitos, que se desvaneciam, já, as suas vestes, de maresia salpicadas. Sacerdotes, trôpegos, ainda oficiavam, espalhando incenso, salmodiando versos inaudíveis, em línguas encantadas, esquecidas, fluidas, mescladas de ontem. Balbuciavam encantamentos, encantos adentro da flor do tempo que ressaltava, voraz, no pó vetusto que a cobria, na secreta, oculta noite média.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Eu gosto deste encantamento.
Beijos.
das línguas encantadas
como ofício dos encantos
que o tempo des tece
_______
um beijo, Jaime
terno
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