sexta-feira, 2 de novembro de 2007

K

(tempo...)

É quarta-feira..
os dias escorrem
semana fora;
tenho em mim
o sabor do tempo,
do tempo em que o pó
se levantava, ante mim,
uma vaga de miséria pois...
ela subia,
subia,
subia mais ainda,
pendurando-me nos reposteiros
de ontem...
Ontem, já não era terça,
esgotou-se o tempo,
o tempo do pó (...)
ainda não há marés,
marés daquelas
em que a água afaga o pó,
daquelas em que o fogo
se engole em fúria,
daquelas em que ficamos
vivos e,
e no espanto,
do absurdo de um tempo,
de um tempo que não se afasta,
que foge quarta-feira adentro,
e não queremos quinta,
e ele já nos chama Domingo à noite,
na pressa,
na angústia
de um relógio parado,
na míngua de um nó na garganta,
no desejo da fuga p'ra trás...
(...agora e para sempre...)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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