Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
domingo, 21 de agosto de 2011
K
poema fechado
(...) era um tropel poeirento, cigano que marcava as curvas solenes os rastos mais vincados, arcos de vis medalhas ostensivas na sua altivez de quem está rindo do futuro, na ânsia de triunfos e insígnias de vitória. Oh, céus de trôpegas, até inesquecíveis batalhas, em que os recontros eram trilhados pelos passos e pelos gritos. Hoje, não há um só trecho, um só restolhar das nuvens que testemunharam do céu-aço que tudo cobria. Essa era a verdade que corrompia o sonho dos virtuosos. Porém, o engano já não campeava, nem era já lembrado, a paz recobria tudo e os aldeões caminhavam cantando, fazendo o pão justo (...)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
Um poema fechado no seu próprio ritmo... Gostei muito.
Beijos.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial