Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
K
ode
Pouco importa se teus caminhos se desviam, em todo o tempo, dos meus;
pouco importa se queres iludir-te nas madrugadas que são os meus ocasos, pouco importa se crias os teus atalhos, firme, sentindo o calor da sacrossanta vertigem;
abriga teus olhos da dor, estica-te até o vento te calar e que te não emudeça mais; sorri, sorri sempre e deixa os cântaros da igualdade jorrarem o seu deleite sobre a tua fronte; terás então rasgadas ante ti as avenidas perenes da liberdade!...
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
4 Comentários:
atalhos
caminhos breves
que são vertigem de desencontro
sorrio
sentindo as pálpebras contra o vento.
de brisa o meu beijo, nocturno.
outro meu, também nocturno :)
Belíssimo!!! Adorei este poema! Beijos e óptimo fim de semana para ti.
Caro amigo, gostei imenso deste teu poema. Parabéns pela tua criatividade poética.
Bom fim de semana, abraço.
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