Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
quarta-feira, 22 de julho de 2009
K
o chamado das sombras
(…) porque possuo
nos olhos o apelo
errante das sombras. (Graça Pires in Ortografia do Olhar)
Vejo as sombras em volteios, e refluxos, tomam-me as mãos como se fossem suas, estrangulam-me o ventre entre duas passadas. Inquieto-me. Meus olhos sorriem em duas voltas surdas, mas sinto o corpo em rajadas quase submersas. Sou jogado contra a parede esquálida, e a perturbante viagem começa num vago mistério final…
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Muito bem esgalhado!
Um abraço.
Gosto muito da poesia da Graça. O teu poema está excelente! Beijos.
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