sexta-feira, 19 de junho de 2009

K

sombra

Na porta,
a tramela
seca, descascada, parda,
enferrujada pelo pó de Outono.
Atento num vidro
toldado,
fosco,
(partido algures);
há nele um resto de poesia,
um resto de alguém.
Num prado castanho,
solta-se um corvo;
já não voa:
as asas
soltas
de breu, flores, suor.



Estalidos na sombra,
um sonho que voltou,
acre.
Há três pontas soltas
que levam as minhas lembranças,
tranquilas talvez.
Pela janela lascada,
o vidro já nem esconde
um palco pútrido
em ossadas esquecidas.

(publicado em 21 de Janeiro de 2009 15:33 e inspirado num poema de Ana Matias)
(imagem retirada da net)

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1 Comentários:

Blogger Paula Raposo disse...

Gostei de te ler. Em Janeiro julgo que não o li. Beijos.

sábado, 20 junho, 2009  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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