Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sexta-feira, 19 de junho de 2009
K
sombra
Na porta, a tramela seca, descascada, parda, enferrujada pelo pó de Outono. Atento num vidro toldado, fosco, (partido algures); há nele um resto de poesia, um resto de alguém. Num prado castanho, solta-se um corvo; já não voa: as asas soltas de breu, flores, suor.
Estalidos na sombra, um sonho que voltou, acre. Há três pontas soltas que levam as minhas lembranças, tranquilas talvez. Pela janela lascada, o vidro já nem esconde um palco pútrido em ossadas esquecidas.
(publicado em 21 de Janeiro de 2009 15:33 e inspirado num poema de Ana Matias) (imagem retirada da net)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
1 Comentários:
Gostei de te ler. Em Janeiro julgo que não o li. Beijos.
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