sexta-feira, 27 de março de 2009

K

escritos nas janelas

Escrevo para me não esquecer
que devo escrever.
Raspo o suor,
escorro-o sobre as letras,
escavadas.
Ainda não encontrei a palavra,
a maldita, mal dita palavra.
Sobro-me: entre dois pontos,
uma vírgula ou um ponto final.
As mãos, a cabeça,
ferem-se duma esmola
de expressão.
O português foge-me,
escapa-se-me entre dois,
três dedos.
Remiro,
vejo e revejo.
Onde está o que desejei?
O início?
Par de bandarilhas, uma pega de caras,
eis tudo.
Uma vaga volta à arena,
sem triunfo ou ânimo, talvez.
(...)
Eis-me aqui.
Todo.

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4 Comentários:

Blogger Paula Raposo disse...

Eis-te aqui...eu também! Gostei de te ler.
Caso estejas interessado, o meu novo livro de poemas vai estar comigo a partir de domingo. Beijos.

sexta-feira, 27 março, 2009  
Blogger Blindness disse...

às vezes sinto que esta não é a minha língua, de que outra forma explicar...
quero falar, dizer, arriscar... mas faltam-me as palavras...
perde-se o sentido do que quero dizer... tudo sai incompleto, "gaguejado", sem sentido,
ele pede que arrisque mas quem arrisca deitar tudo a perder?

bjs grandes ao poeta :)

sexta-feira, 27 março, 2009  
Blogger Clotilde S. disse...

Belas palavras.

sexta-feira, 27 março, 2009  
Blogger Jaime A. disse...

Sim, quem arrisca, quando as palavras, mesmo esparsas/insuficientes, são as que temos de trabalhar? É o trabalho de quem escreve, não é?
Beijos.

quarta-feira, 01 abril, 2009  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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