Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
sexta-feira, 6 de março de 2009
K
sacrossantas mãos
Por mil vezes que partisse, bornal entrelaçado nas espáduas (cálidas, quase vãs), por mil vezes que voltasse, litúrgico acto de despojo , nada me reconciliava com a tua fronte longínqua, genial (dizia-se…). Um bornal, ciclicamente desnudo, um acto de pobreza, uma ausência de abraço
terno, fácil. Teus dedos finos
tanto se erguiam, que refulgiam o divino. Envolviam-se, então,
em tão veras crenças, quantas as vezes em que meu bornal marchara na sua muda obediência.
Prudentemente, escassamente, sorriste-me. Meus lábios iniciaram a partida, então. Meu bornal, agora completo, agora leve de si, encetava, o curso da pobreza, da obediência, de uma castidade
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Adorei! Muito belo, Jaime. Beijos.
presente, meu amigo!
sempre presente
(obrigado. gostei muito deste texto)
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