Querida Amiga
Lisboa, 16/07/2013
Querida
Amiga, o tempo escorrega na impaciência dos tolos.
Acho que procuro embrenhar-me no meu quotidiano e espreitar os números (os teatrais e os outros, os que doem).
Baixar a cabeça pode não significar submissão, antes o assegurar-me do caminho a seguir, pelos marcos deixados por quem já viveu isto também; e sobreviveu (pelo menos para assinalar o caminho).
Tento não me afundar no umbigo, minha Amiga, tento abrir os braços e as mãos, não deixar a fadiga dos materiais corroer as minhas frontes.
Há quanto tempo não nos vemos? Agora, medem-se as datas em a.c. e d.c. com um significado bem diferente: antes e depois da crise... terá sido, pois, em a.c que estivemos juntos.
Há uma crosta de boa aparência aqui em Lisboa. Tudo parece estar nos lugares certos, até os jornais desportivos (fascinados sempre por alguém). Mas, ali ao lado, há quem nos puxe de volta para os números, para os acontecimentos, para algumas pessoas...
E parece que vivemos num universo dual com matizes ora faiscantes, ora mortiças. Talvez hajam muitas realidades simultâneas... Como estamos imersos em números também coexistimos (quem sabe?) com os seus simétricos e com os seus inversos: a via crucis de uma Álgebra que nos vai triturando.
É assim que te envio grandes quantidades de abraços e beijos, ficando tu certa de uma saudade de valor maior do que o défice!
Jaime
(fonte da imagem:
http://www.blogging4jobs.com/job-search/how-to-write-your-own-killer-cover-letter/)
Etiquetas: juntos, Vens também? Afectos longínquos
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