umas linhas
Daqui vislumbro o Tejo e a sua ondulação simula o meu bem-estar; não, não me sinto oscilante, antes preso, atracado. Mas de que te interessará o meu bem-estar? Deves viver embrenhado no teu próprio novelo, aquele que tens vindo a "tecer" laboriosamente, na busca do silêncio e do calafrio.
Lá fora a palavra "crise" escoa-se pelas frinchas de tempos cada vez mais de ontem. É um sopro irritante, lembra os "westerns" quando, para indicar uma cidade morta, se atiravam arbustos secos - pelos planos mais próximos - acompanhados de um silvo: é esse silvo, essa agudeza, esse gume faiscante que procura cindir cada cérebro, cada coração. E há quem se deixe embalar por estas torrentes da catástrofe!
Soube hoje que as nuvens do Norte dissipar-se-ão com um gesto ritmado, uma prosa solta de gana e garra. Só faltam as vozes, os ânimos.
Vejo a tua cara, olhos miudinhos no excesso de compreensão e falta de coragem de sair de ti próprio. Deixa! Têm de ficar alguns para que outros vão.
Vejo também esse teu abraço na espera, na rosácea vaidade que me inunda.
Espero notícias tuas e do teu jardim secreto.
Aperto as tuas mãos com calor.
J.
(imagem do autor obtida com telemóvel:
"nuvens sobre Mortágua")
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