Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
K
Frágil
Sorrio ao vento, e é na fragilidade das palavras, que me envolvo no silêncio. Nas hastes do sonho, penduro o meu olhar [semicerrado] no aconchego de um poente, algures num mar luminoso. Sabe-me a sal a minha face, e, nas correrias na praia {mastros encimados por liras, aqui e ali} há um não-sei-quê de poético, que leva e traz essas palavras (frágeis) na terna, fugaz memória de um homem sentado à beira-mar.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Mas não sorrir demasiado se estiver muito vento, arriscamo-nos a engulir algum mosquito...
Um homem sentado à beira mar é sempre uma imagem poética. Por isso te saíu este belo poema com palavras e silêncios deitados ao vento.
Um beijo.
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