Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
domingo, 4 de abril de 2010
K
Finis
Não há eterno, já;
o infinito prometeu o vazio. Já não vivemos: as promessas caíram em mãos indiferentes. Já nem a tua voz me leva à resposta. As palavras doeram, na ruína dos afrescos; já não se (h)ouve um coração; estradas solidárias, gélidos carris, não carregam o vago sol da manhã.
Fugi; da minha boca vazou-se o silêncio; meus pés julgaram-se em atalhos, em atalhos de bruma. Não há fado, sina, o sempre. Apenas uma luz fugaz, entre dois palmos de fumo.
"as promessas caíram em mãos indiferentes" Infelizmente já é uma rotina que nos vamos habituando sem reclamar... Bom poema, estás a escrever cada vez melhor. Abraço.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
4 Comentários:
há sempre um eco
ainda que açoitado pelo susto da tarde.
há sempre um coração que se ouve
pelos dedos da insónia
até pela manhãzinha,
quando a luz morde devagar o cimo dos muros.
beijo
Tão verdade!
Adorei o tue poema.
Beijos.
"as promessas
caíram em mãos indiferentes"
Infelizmente já é uma rotina que nos vamos habituando sem reclamar...
Bom poema, estás a escrever cada vez melhor.
Abraço.
Mas quem sabe se dessa luz fugaz os atalhos de bruma não se transformam em vagas que trazem respostas...
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