domingo, 6 de janeiro de 2008

K

Novo Ano

Adornou-se
em simétrico traje,
acompanhou-se
aos outros;
esgueirou-se
em corpo de baile.
De soslaio repetido,
as horas
entravam-lhe pelos olhos
quase inquisitórios.
Saltou para o novo ano,
gémeo do outro.
Brindou
num sorriso farto,
e mirou o amanhã
em suave abandono;
mas trémula,
nada viu,
apenas um mar
lá longe,
longe,
em volume espesso;
ao meio, atravessado,
um atalho
que a separava do trigo...

(apartir de um pensamento de musalia)

2 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Lindo o teu poema, meu amigo!
Esse "atalho"... por vezes difícil de percorrer...por vezes, imperativo para continuar.
Só ousando se chega ao destino - à VIDA.
(p.s. tens um mimo no meu blog para ti)

Beijinhos

segunda-feira, 07 janeiro, 2008  
Blogger Jaime A. disse...

Estamos no fio da navalha, muitas vezes.
Mas os atalhos devem ser percorridos sempre do lado de cá do trigo (com breves incursões ao joio...)

PS - obrigado pelo mimo :-)

segunda-feira, 07 janeiro, 2008  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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