Quando tiver tempo
fechar-me-ei num armário,
e escavarei lascas de madeira,
feitas grãos de areia,
e, então,
verei
como é lindo o cimo do sonho,
o tecto feito azul,
as teias de aranha;
nuvens,
o bicho da madeira;
marulho do mar.
Então,
abrirei a porta
e o vento da morte
cercar-me-á,
mas não me levará consigo,
porque me fechei num velho armário,
já esquecido pelo tempo.
6 Comentários:
Quim, gostei m,uito deste teu poema.
Nesse armário, meu amigo, povoaste-te de Universo.
Encheste-o de mar e céu.
Fechaste nele, contigo, o sonho.
Volta a abri-lo, e abre-te para a vida, pois já não é o vento da morte que te vai cercar, mas sim a brisa do mar de que falaste e a dança dos aromas dos campos da tua infância.
Um beijo
Quim
p.s. este o conselho que eu daria ao poeta.
Beijinhos
"Quando tiver tempo..."
Vive-o da melhor forma possível, palavra a palavra, ao sabor do vento e da poesia...
Um abraço ;)
Esperemos que não vá ter a Nárnia, o que está dentro do armário.
1 Abraço
Ocorrem-me aquelas palavras "Quem é que disse que a felicidade tem de ser alegre?".
Continuas a conseguir olhar nos olhos a acidez de estar vivo.
Sem ser para entreter estilo.
Agride-nos. Dói. Porque somos humanos.
Mas tomara conseguir fazê-lo assim tão bem.
E daí retirar uma vitória íntima.
És mesmo um tipo de uma cepa rara...
Parei por aqui, vindo do Estúdio Raposa. Fiquei rendido à concisão da tua poesia e à perfeita adequação da forma. Terei de vir mais vezes.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial