quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

K

Quando tiver tempo

Quando tiver tempo,
fechar-me-ei num armário,
e escavarei lascas de madeira,
feitas grãos de areia,
e, então,
verei
como é lindo o cimo do sonho,
o tecto feito azul,
as teias de aranha;
nuvens,
o bicho da madeira;
marulho do mar.
Então,
abrirei a porta
e o vento da morte
cercar-me-á,
mas não me levará consigo,
porque me fechei num velho armário,
já esquecido pelo tempo.

6 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Quim, gostei m,uito deste teu poema.

Nesse armário, meu amigo, povoaste-te de Universo.
Encheste-o de mar e céu.
Fechaste nele, contigo, o sonho.

Volta a abri-lo, e abre-te para a vida, pois já não é o vento da morte que te vai cercar, mas sim a brisa do mar de que falaste e a dança dos aromas dos campos da tua infância.


Um beijo

sexta-feira, 08 dezembro, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

Quim

p.s. este o conselho que eu daria ao poeta.

Beijinhos

sábado, 09 dezembro, 2006  
Blogger Menina Marota disse...

"Quando tiver tempo..."
Vive-o da melhor forma possível, palavra a palavra, ao sabor do vento e da poesia...

Um abraço ;)

terça-feira, 12 dezembro, 2006  
Blogger Ulisses Martins disse...

Esperemos que não vá ter a Nárnia, o que está dentro do armário.
1 Abraço

quinta-feira, 14 dezembro, 2006  
Blogger Pedro_Nunes_no_Mundo disse...

Ocorrem-me aquelas palavras "Quem é que disse que a felicidade tem de ser alegre?".

Continuas a conseguir olhar nos olhos a acidez de estar vivo.
Sem ser para entreter estilo.

Agride-nos. Dói. Porque somos humanos.
Mas tomara conseguir fazê-lo assim tão bem.
E daí retirar uma vitória íntima.

És mesmo um tipo de uma cepa rara...

quarta-feira, 10 janeiro, 2007  
Anonymous Anónimo disse...

Parei por aqui, vindo do Estúdio Raposa. Fiquei rendido à concisão da tua poesia e à perfeita adequação da forma. Terei de vir mais vezes.

sábado, 03 fevereiro, 2007  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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