quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

K

vertical

É nessa verticalidade, nesse chão que te foge que apontas ao alto que os ramos exigem mais. Ganhas aos prédios,


o Sol clama por ti 

dia após dia, 

até as tuas raízes são céu;

apontas sempre tão alto, 

ambicionas o véu do templo 

erecção madura essa, 

atalhas Lua, Marte, Júpiter, 

nem voltas, nesse teu ar

de delfim, Roi-Soleil, 

com um semi-sorriso

domesticas uma corte, 

um núncio apostólico, 

um inexistente primeiro-ministro... 

Que é feito de ti, cipreste? 

Que de tanto cresceres, 

foste parar à Corte de Versalhes, 

podada duas gerações mais tarde? 

(foto do autor)

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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