Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
domingo, 11 de julho de 2010
K
vulcán
Debruçou-se: as águas verteram lume, submisso, mais do que ágil; segmentou a linha do tempo: cortou o espaço na dúbia exposição do corpo. Esfregou o génio nas sobras vivas de vagalhões em triunfo: as paisagens álgidas carreavam figuras secas, indecisas (caixões de eras pálidas); (...) ao debruçar-se, ao verter, apontou o caminho granítico, a voz-fúria, a voz-eco, a voz-voz, (por)vir da (r)evolução
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
Já fiz duas viagens para tentar ver um vulcão. Só vi nuvens, começo a desconfiar que não existem!
Debruçou-se e viu-se subitamente jovem com as imagens e os sons a convergirem com os desejos...
Um belo poema!
Beijos.
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