perdidos no mundo, as vontades da corrente são por vezes mais fortes que as nossas próprias escolhas, seguimos procurando o Norte, seguimos para onde nos leva a corrente
...em pedaços consumida, esquecemos as escolhas, em férteis perdições, longínquas. O Norte, esse Norte anil, em Sol, em resvalo poente, adormece uma morte, lânguida, quase esfiapada, nas correntes brumosas. Os caminhos, esses seguem-(nos), algures para onde nos leva a corrente.
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
2 Comentários:
perdidos no mundo,
as vontades da corrente são por vezes mais fortes que as nossas próprias escolhas,
seguimos procurando o Norte,
seguimos para onde nos leva a corrente
...em pedaços consumida,
esquecemos as escolhas,
em férteis perdições,
longínquas.
O Norte,
esse Norte anil,
em Sol,
em resvalo poente,
adormece uma morte,
lânguida,
quase esfiapada,
nas correntes brumosas.
Os caminhos,
esses seguem-(nos),
algures
para onde nos leva a corrente.
(bem-hajas, blindness, pelo mote ;)
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