quinta-feira, 6 de julho de 2006

K

A um navegante

In memoriam
Fernão Mendes Pinto

Sentado no molhe,
um marinheiro
a quem o mar já não chama.
Um horizonte carregado
de alma,
de sonho
e memória.
No bolso,
um papel dobrado:

Onde
Caibo?
Este
Atlântico
Não me
Ouve.

Chove;
as águas mergulham
sobre si mesmas.
Correntezas antigas
flúem nas lembranças
que já não vêm…
Gritos abafados de gaivotas
levam consigo
velhos pergaminhos
há muito esquecidos…

4 Comentários:

Blogger Pedro_Nunes_no_Mundo disse...

Como num truque de ilusionismo,...um papel permanece dobrado no bolso.
Será que até mesmo a natureza das coisas pode encontrar-se suspensa do seu fim?

segunda-feira, 10 julho, 2006  
Anonymous Anónimo disse...

O CAIS DO HOMEM CINZENTO

Ao princípio, era apenas o chamamento cadenciado e repetido do mar-rio.
Na terra de gaivotas, os pombos e os pardais também pousavam.
De cada vez que a água, no seu vai vem, queria tocar-lhes, recuavam uns passos.
Passos?
Os olhos vão abarcando lonjuras.
Mas perto, um homem cinzento confunde-se com a sépia do cais velho, ferrugento.
Confunde-se,
faz parte desse cais
e não quer ser acordado desse sonho-viagem,
suponho que diário.
Os barcos conhecem-no bem.
Não o acordam.
E ele, de tanto se confundir,
é já o cais onde chegam e partem ilusões.

(mas as gaivotas roubaram do seu bolso
"os velhos pergaminhos" que não mais serão esquecidos...)

terça-feira, 11 julho, 2006  
Blogger Poesia Portuguesa disse...

"...Onde
Caibo?
Este
Atlântico
Não me
Ouve."

Posso postar este poema? Gostei muito dele...

Um abraço e bom fim de semana, especialmente junto ao mar... ;)

sábado, 15 julho, 2006  
Blogger José Leite disse...

A Poesia Portuguesa disse tudo!

Há coisas que só admitem a unanimidade!

terça-feira, 18 julho, 2006  

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"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."

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