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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Caronte

Devia de ter deixado as mãos
cumprirem o seu destino:
uma e outra falando,
dizendo à morte
o nada da sua vinda.
Subi, pois,
ao poço da viagem,
entre dois mastros vazios,
dois remos sucumbindo;
zarpámos:
Caronte a esmo
sorria em vago tango
de aluguer,
a Lua fugira de soslaio,
o vento sereno e negro,
mergulhei, suave, a mão
nas águas apagadas,
no trecho de um fado
vadio
em voz de desalento
fugaz
(...)
(querem débil, o meu clamor...)














(imagem retirada da net)

2 comentários:

  1. Um belo poema! Uma foto linda escolhida! Muitos beijos.

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  2. o barqueiro que nos leva a alma entre dois mastros vazios.

    e a lua
    a cumprir o seu destino

    duas mãos
    em desalento
    no breve trecho de um fado

    _____
    um beijo Jaime
    gostei muito
    obrigado!

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