Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
Que é um poema, a não ser um ajuntamento de palavras a eito, sem o policiamento cerebral anti-motim?
quinta-feira, 7 de maio de 2009
K
A rua do quiosque
Sonhei uma álea,
quiosque de pastiches,
tinta-da-china,
linha quase dolorida.
Ao canto, numa frinja,
entre dois leões escapados do pó,
uma água-furtada espreita.
Para nada ou ninguém.
As quatro pessoas não passam;
sorriem ao nada,
ao infinitamente branco
dum enquadramento alegre,
entre gargalhadas espumosas.
Sempre sonhei assim a minha rua.
Qui-la assim,
assim ma deram.
Possuo-a
como o dedilhar,
amoroso, filigranado,
do mestre guitarrista, na ternura envolvente do seu amor,
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
3 Comentários:
Belo!! Gostei imenso. Beijinhos.
Gostei muito de conhecer a tua rua. No quiosque, o que se toma?
:)
bjs.
No quiosque toma-se, sobretudo, a amizade e o prazer de estar com (parece que o cafézinho acompanha bem...)
;)
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