Adormecer.
É na dureza da tábua
que se adentra a manhã,
deslizando-se sem torpor,
sem fricção.
É a madrugada
que roça as pálpebras,
o som do pó nas tábuas,
a noite esquecendo-se
pelas frinchas.
As folhas das árvores,
os ramos na ginástica da brisa,
o sorriso desdentado de um velho tronco.
A madrugada sopra,
de mansinho,
os restos da noite,
a poesia do sonho
legitimado.
Varre, também,
a loucura dos olhos teimando-se
abertos,
a obsessão do pensamento
ladeado na demência
das horas lentas,
fincadas no infinito.
É na madrugada
que se assina o pacto
com a luz,
mesmo na dureza
do seu refulgir metálico.
("Sê a tua própria dona.
Se te inquirirem,
sê uma só voz.
Que nunca tenham uma ponta,
um só átomo contra a tua conduta."
Fala de Filemon a sua amada Baucis)
"A noite esquecendo-se pelas frinchas"... e o poema legitima qualquer sonho.
ResponderEliminarMuito belo!
Um beijo.
Gostei imenso daquilo que tu escreveste,está simplesmente espectacular!!
ResponderEliminarE o peso das pálpebras acaba por vencer e chega, por fim, o sono reparador, pondo fim à longa insónia!
ResponderEliminarLindo! GOSTEI!
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS