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domingo, 16 de maio de 2010

águas latentes

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,

Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...
(Antero de Quental, Sonetos)

Encosto os joelhos ao queixo,
as águas acariciam-me.
Pra trás, ao fundo,
entre palmeiras duvidosas,
caminhos toscos,
batem, chocalham,
as canecas da alegria
dum povo que desejo feliz.
Do poder, da posse,
apenas desejo a noite balsâmica,
fulgente,
e nas águas brilhantes,
quero a Lua pra nela brincar,
em jeito de menino,
porque agora, aos meninos,
cegaram-se as vistas;
e na minha ilha,
a oriente de todos os sonhos,
de todos as visões,
está a minha majestade ignorada,
o meu poder apagado,
a inocência diluída.

(também publicado no blogue 
GPS-Global Poets Society em que participo)
(imagem s/r)

2 comentários:

  1. no regresso trago um dulcíssimo beijo. mas o cansaço adia um abraço maior
    volto, quando outra noite me tocar as pálpebras

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