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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

dançar(-te)

... e dançámos
na noite de uma vida inteira,
não sei se te lembras:
mirava teu sorriso,
naquele cotovelo de rua,
enquanto sobrava sol
nos teus olhos;
dançávamos o baile antigo,
e as tílias derramavam-se
em sorrisos
à tua passagem.
Dava-te o braço
e ríamos,
ríamos muito,
apesar do tempo,
apesar dos outros,
apesar de nós...
subia o pano
das nossas lembranças:
o teu sorriso,
a nossa dança,
o gozo da vida,
como se a nossa alegria
fosse sempre nossa,
nunca se sumisse
por entre conversas escarninhas...

Fiquei aqui,
à beira da rua,
do cotovelo,
ainda abro os braços,
esperando uma dança
que já partiu,
há tanto tempo,
que só te recordo
o sorriso, os braços lânguidos,
a tua leveza surripiante...
Não!
Não voltes!
Não voltes mais!

(inspirado num poema de Baptista Bastos in moriana)
(imagem retirada da net, Renoir: "Dança na aldeia")

1 comentário:

  1. Uma bela dança.
    Gostei de ler o teu poema.

    Obrigado pela tua visita. Volta mais vezes.
    Abraço.

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