Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
Que é um poema, a não ser um ajuntamento de palavras a eito, sem o policiamento cerebral anti-motim?
domingo, 28 de junho de 2009
K
margens
o corpo está,
a alma voa,
sem rumo,
sem destino, chegada
ou regresso.
O curso dos rios
traz a imagem rude,
disforme,
do corpo em anelos
sinuosos.
Brilha o horizonte tranquilo,
voa, em desvios sonoros,
a alma incerta,
quase discreta.
O corpo queda-se
no rol longo
de uma saída intramuros.
(inspirado no excerto do poema de Wislawa Szymborska "Gente na Ponte", publicado em moriana)
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)