Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
Que é um poema, a não ser um ajuntamento de palavras a eito, sem o policiamento cerebral anti-motim?
sexta-feira, 5 de agosto de 2022
K
Futuro Imperfeito
As ruínas limitavam
o tempo,
eram um sol escuro
que pendia, cambaleava,
que fingia um
acto quente,
luminoso,
cínico numa campanha
pueril na sua vastidão.
Todo o chão
sentava os passos
que, jocosos,
ensaiavam a travessia.
Reflectiam as colunas
a baixeza,
rumando
para o lado em que
aquele sol,
sempre escuro,
amotinava os
ábsides, os cunhais.
Forças ancestrais,
longas, impantes,
preparavam meticulosas,
o fim, todos os fins,
nem carbonizações restariam,
nem arqueólogos aqui viriam
num futuro distante.
Na certeza
de que o luar
seria cavalgado
entre mágoas nas
fissuras instáveis
do Tempo...
#publicado na minha página do Instagram, com adaptações #tempo #colunas
"[...] Apesar de tudo o que se passa à nossa volta, sou optimista até ao fim. Não digo como Kant que o Bem sairá vitorioso no outro mundo. O Bem é uma vitória que se alcança todos os dias. Até pode ser que o Mal seja mais fraco do que imaginamos. À nossa frente está uma prova indelével: se a vitória não estivesse sempre do lado do Bem, como é que hordas de massas humanas teriam enfrentado monstros e insectos, desastres naturais, medo e egoísmo, para crescerem e se multiplicarem? Não teriam sido capazes de formar nações, de se excederem em criatividade e invenção, de conquistar o espaço e de declarar os direitos humanos. A verdade é que o Mal é muito mais barulhento e tumultuoso, e que o homem se lembra mais da dor do que do prazer."
Naguib Mahfouz, romancista egípcio, na mensagem que enviou, em 1988, à Academia Real Sueca a agradecer o Prémio Nobel da Literatura, o único a ser atribuído até à data, a um escritor árabe
(cit. em "Dicionário do Islão", Margarida Lopes, ed. Notícias)
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