
Nas traseiras
de minha casa
há um cigano,
a quem, à noite,
por vezes,
o vinho ataca
(fantasio-o
encostado
a um candeeiro);
então grita e
uiva e
trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e
a noite estremece;
lembro um Marrocos desconhecido,
uma noite cálida e
ao longe,
o Muezim
chama para a oração,
e grita,
e trina,
e a sua voz trepa e
eleva-se e
a noite estremece; e
o meu cigano vizinho,
sem o saber,
transporta Marrocos
para debaixo da
minha janela,
numa memória ausente
porque de Marrocos
apenas conheço a mesquita
de Lisboa!
(foto do autor obtida com telemóvel)
Nas arcadas da minha casa há um homem. A quem à noite, por vezes, os fantasmas atacam. Então grita, e uiva e trina, e a sua voz trepa e eleva-se e a noite estremece.
ResponderEliminarMas é a única coisa em comum com o "teu" cigano.
É um sem abrigo, psicótico, cuja cabeça produz vozes que o atormentam noite dentro.
Não fui capaz de deixar de o evocar ao ler esse teu texto.
:)
Ainda bem que as vozes na tua noite te levam para destinos distantes!
Muito bem enquadrado o "vicio" do cigano e o poema... gostei!
ResponderEliminarUm abraço,
Otília
Gosto muito ler o seu poema "Marrocos
ResponderEliminarAbraço