Dizer um poema é orar; todos os poetas são abençoados por Deus. (adapt. de Rosa Lobato de Faria)
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quarta-feira, 30 de setembro de 2015
verdana
As palavras já não têm álibi,
já não são belas,
já nada designam
a não ser o escuro
da sua ocultação.
Nada as justifica,
nada as perdoa,
nada!
a não ser
o seu ajuntamento
a que chamam texto.
As palavras já não se guardam,
já não nomeiam o presente
em textos diários
de pequeno-almoço.
já não guardam o prazer
indizível da leitura,
no conforto das luzes baixas.
Hoje,
são apenas
rutilâncias paralelas,
amontoados de letras,
escritos que vendem
tudo o que quiseres,
sobretudo o silêncio
da parede
cujo imperativo é escutá-lo.
As palavras não têm álibi,
conversam no escuro
da sua ocultação,
trânsito de Vénus,
semi-eclipse de ideias
esbatendo-se
na modorrice dos dias.
("Guarda a tua boca das palavras insensatas.
É nos teus lábios que se encontra a vida e
a morte. Sê sábio, se não puderes elogiar,
cala-te!" Fala de Jesus, dito o Cristo, ao seu
discípulo amado)
(fonte da imagem:
foto do autor obtida com telemóvel
em Santa Marta-Lisboa, algures
em 2013)
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