Ao estender os olhos,
alonguei-me,
na esperança
do dia novo
que me prometiam
havia tanto tempo...
Mas era nas fissuras,
escorrendo-se,
espreitando,
que a garganta
intumescia,
se exarcebava
no espectáculo do poder,
desculpando o desastre.
Fui sentindo um chão
deslizante,
que me arrastava
(talvez para o menos infinito),
os meus pés resvalando
num caminho cego,
números pulsantes,
num vórtice insano...
Era a preto e branco
a paisagem que me envolvia,
um fumo enxaguante,
arrastando todos,
restos de comentários
políticos
esvoaçavam sem tino.
Era esse siso
que se perdera
em artes de guerra
e confronto...
Foram sobrando as pessoas,
os cidadãos, os metecos,
essas a quem os tempos
não haviam perdoado,
e que os carregavam,
como fardos inevitáveis,
assim o poder lhes havia
[afiançado...]
"Ignora os tempos de fartura,
sê prudente no que possuíres,
partilha com o teu vizinho
para que não te falte,
e não confies no Senado, no Imperador."
(Fala de Nemestrino, patrício ilustre
a Penélope, sua filha)
(fonte da imagem:
Belo cantar da situação nacional...
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