Já me esqueceste?
Já te sobrou o tempo
da diáspora,
do revés sentido?
Já não lembras
o que fomos
ou que iríamos ser?
Onde estão os campos,
as árvores,
os frutos?
Ou será
que o teu esquecimento
os varreu
para debaixo da memória?
Sei que o vento deixou
de trazer os aromas,
os pólens de outrora.
Sei que as sementes
se dispersaram
numa fúria esganada,
própria de apocalipse.
Seja maldito o teu desprezo,
a tua mágoa só gera
vagas de extermínio,
regos de engano...
Mil vezes ergui o punho,
e mil vezes o baixei,
os meus pés,
fincados na lama,
raízes de um tempo
ainda solto...
("Deixa que o tempo
faça o seu trabalho,
que as rugas se apoderem
da tua ansiedade;
verás que, distantes,
os cuidados mirrarão."
Fala de Esculápio a Éfire,
seu discípulo)
(fontes das imagens:
1ª http://blog.earthfriendlyseeds.com/
2ª http://www.azgs.az.gov/)
Um amor perdido é como um frasco de perfume vazio. Com 45 anos e alguns amores perdidos, ainda não consegui perceber que impulso é esse que me leva a guardá-los e a voltar ao armário para os abrir e cheirar teimosamente quando já não me podem perfumar.
ResponderEliminarPenso que há sempre a teimosia de algum regresso ao passado. Perfumar-se é um gesto mecânico, nunca esquecido. Quem abre o frasco, procura ainda a solene imersão em todas as fragrâncias de outrora.
ResponderEliminarGostei do seu esbelto poema!
ResponderEliminarUm forte abraço!