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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

art deco

Era a parede que me fechava,
que, da porta dos meus sentidos,
me levava ao abismo;
escorregavam-me as mãos,
e eu descia por mim abaixo,
talvez sonhando com o triunfo de um Inverno;
mas um Inverno tão frio, tão custoso
como outro qualquer,
em que nem a parede sustivesse
o olhar,
o gesto frugal,
o franzir da vida;
um Inverno espelhado na parede,
nesta parede que me moía,
que me tragava a alma,
que fazia meus dedos derraparem,
ensaguentados;
um Inverno assim,
espantou-me os limites
muito para além da angústia,
ainda aquém daquele lustro
das paisagens "art deco"
que a memória ainda sugere...

(fonte da imagem:

4 comentários:

  1. "Muito para além da angústia" há o fascínio do abismo e dos invernos que nos descontentam. Só assim os Poetas preservam a fragilidade das palavras. Um belo poema!
    Um beijo, Jaime.

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  2. Magnífico poema.
    Gostei imenso, caro amigo.
    Abraço.

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  3. Jaime, gostei de vir aqui, grata surpresa ter te recebido no meu blog. Obrigada!

    Beijo.

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  4. Olá Jaime! Estou esperando uma colaboração sua para o meu blog. Será uma honra receber seus trabalhos. Abraços.

    Aguardo...

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