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sábado, 6 de março de 2010

(des)caminho





Caminho grave,
sem sentido,
a rota resvalou
mágoa abaixo,
o trilho, esse,
quase férreo,
escapou-se pelos meus olhos.
O passo torna-se infantil,
quase gatinhado;
a Lua não sobe,
os pastos, imóveis,
nem dão pelo vento,
pelas razias doces, apopléticas.
Quase vi o frio,
soberbo,
banhando-me o cabelo,
em valsas obscuras,
anelando-me a blasfémia.
A vista esqueceu-se:
nada mais há para caminhar,
os juncos nada apontam,
as passadas recusam-se:

"E, (...) fenece esta primeira farsa."
(Gil Vicente in "Auto da Índia")
(fonte da imagem:
http://www.prmoises.com)

2 comentários:

  1. Eu me encanto ao passear por estes caminhos!!

    Desculpe ter sumido por estes tempos, ando dispersa com todos a minha volta, mas juro que não esqueço jamais de quem mais aprecio!

    Abraços meu amigo!
    Continue com tuas belas palavras para iluminar nossos mais escuros dias!

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  2. caminhos de temor

    lunares escarpas.

    instinto de ave

    contra a escuridão

    e o enredo das raízes.


    e um chamamento

    uma valsa ondulada no princípio das águas
    ____


    beijo

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