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domingo, 19 de julho de 2009

descrição

Uma velha lá fora,
ri desbragada,
vinho na mão,
os dentes vazios,
os olhos mortiços.
O seu riso
tão desdentado,
tão louco,
lembra canções de marujos,
entre cordames,
salpicos,
abraços…
Mas a velha está só.
Olho-a pela janela,
um rir demente,
desafio aos homens,
a Deus,
ao mundo todo.

Nos seus andrajos
toda se veste de cor,
num luto mais tolo
do que o pacote de vinho
que segura como um triunfo,
esquecido,
entre caixotes,
arrumadores,
no meio do aparato,
dos faustos,
das régias sobras,
que deslizam,
sob nós;
secretas esperanças
de mágoas em silêncio.




(imagem retirada da net)

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